domingo, 8 de janeiro de 2012

QUADRO ONÍRICO DE MONFORTE

O poema que se segue nasceu da minha saudade de velhos tempos da minha infância e juventude e das recordações de quadros diretamente usufruídos,  que ainda hoje povoam os meus sonhos e me fazem amar a terra que me foi berço, e que, eventualmente, será um dia, que eu desejo distante, a minha derradeira morada, entretanto, devo dizer, que ela continua para mim a ser fonte de imensa alegria e inolvidável prazer, testemunha desse facto é o poema que a seguir vos deixo escrito.

Águas vivas, ledas fontes,
pingando ternura e graça,
a água que vem dos montes
e as pontes por onde passa.

A alternância da brisa,
ternura do vento norte...
e este ar puro que desliza
pelos campos de Monforte.

Colinas de sol ameno,
vinhas, trigais, arvoredos,
noites claras, céu sereno,
descantes, festas, folguedos.

Moças trigueiras cantando
num paraíso risonho.
Linda Monforte onde eu ando
como se andasse num sonho!

Ledas ruas, lindas praças
que alegram a luz do dia,
onde se soltam as Graças
que dão cor à alegria.

Os traços do seu Castelo,
através do casario,
formam um quadro tão belo!...
São como as curvas dum rio...

As casas senhoriais,
com seu ar de distinção,
são uma vertente mais
que nos enche o coração.

Nas suas casas rasteiras,
o branco domina a cor,
são outras tantas maneiras
de s'expressar o amor.

O esmero e a brancura,
que do casario emana,
são expressão da ternura
da mulher alentejana.

O calor da sua gente
é um cartão de visita
que se usufrui e se sente
nesta terra tão bonita.

E, é tal a sua beleza...
que, quem quer que aqui aporte...
fica preso concerteza
à beleza de Monforte!...

  Matos Serra, in
Alentejo, as terras e as gentes.

2 comentários:

  1. A beleza do poema aumentaram as saudades da nossa terra.Adorei. Um beijinho poeta de Abril.

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  2. Um abraço de grande admiração pela mulher, poetisa, conterrânea e camarada que és. Beijo grande.

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