quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O ALENTEJO E O ALQUEVA

TÍTULO: METÁFORA DO VERDE-RIO
"O ALENTEJO ENTRE A ESPERANÇA E A INCERTEZA"

Da poética tradicional alentejana e com mote dado pelo reconhecido poeta alentejano, Professor António Simões, nos Jogos Florais do Alentejo, realizados em Estremoz em 2003, foi distinguido com o 1-º Prémio.

MOTE
Alentejo vai ser verde,
do Alqueva vem a água.
Se nos matas fome e sede...
mata também nossa mágoa.

Será... que o verde é de esperança
ou a esperança é insegura...
neste verde da planura
a perder-se na distância?
Ou sonho que não se alcança,
perspetiva que se perde?
Como o meu estro... que em breve...
perde tom, perde harmonia...
e nem sequer na poesia
O Alentejo vai ser verde.

Pode ser um verde puro...
um verde alegre e risonho,
verde mar, de céu, de sonho...
e que possa ser seguro
na certeza de um futuro
que não seja verde mágoa...
um verde vinho que traga
euforias  e esperanças.
Se é p'ró verde das mudanças...
Do Alqueva vem a água.

À tona do verde rio
verdes sonhos vão vogando...
sonhos que vamos sonhando
dias e anos a fio...
Cada sonho é um navio
com sua bandeira verde...
o verde anseio, que não cede
ao que havemos já sonhado...
Mata o nosso triste fado
Se nos matas fome e sede.

Frescura da verde margem,
ternura da verde cor...
verdes meus sonhos de amor
espraiados na paisagem.
Vejo subir na barragem
a água mansa que alaga,
é carinho que me afaga
com sua doce brandura...
Se nos matas de ternura
Mata também nossa mágoa.

 Matos Serra, in O Alentejo, as Terras e as Gentes.

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